Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as denominadas Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) estão entre as principais causas de morte e aumento de estados de morbidez em doentes hospitalizados no mundo todo, acometendo principalmente a população mais vulnerável. Além do risco aumentar em pacientes com doenças em estágios mais avançados, essas infecções podem levar a doenças mais graves, prolongar a permanência dos doentes nos hospitais e levar a incapacitações por longos períodos. Profissionais da saúde que atuam diretamente em unidades de assistência à saúde também estão expostos à contaminação, que ocorre durante o processo de cuidado aos pacientes.
As IRAS estão presentes mesmo em países desenvolvidos, no entanto, é evidente que, em países com dificuldades no sistema de saúde, o peso das infecções tem maiores consequências. Sua origem envolve, principalmente, diversas limitações dos sistemas e processos de prestação de assistência à saúde, bem como a conduta dos profissionais.
Medidas simples podem evitar infecções adquiridas durante a permanência nos hospitais. Dentre os fatores que podem reduzir as taxas de prevalência de infecção hospitalar e garantir maior segurança aos pacientes está o aumento das práticas de higienização das mãos, uma ação muito simples, mas que nem sempre é realizada com frequência e sua devida importância é desconsiderada. Outra ação preventiva relevante é a melhoria da comunicação e treinamento da equipe para aprimorar as práticas que ajudam a reduzir as infecções.
Dentre as estratégias empregadas para a capacitação das equipes, o uso de simuladores é, comprovadamente, um grande aliado como método educacional. O estudo de Silva et al. (2015) apresentou resultados positivos em sua aplicação, viabilizando aquisição de conhecimento imediatamente após sua realização. Segundo o autor, seu estudo foi “o primeiro em nível nacional que utilizou treinamentos simulados voltados para a prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, envolvendo os aspectos mais relevantes e de maneira global”. A técnica de utilizar situações simuladas possibilitou o controle de fatores externos, a repetição do procedimento em casos de insucesso inicial, a troca de experiências e uma maior autoconfiança entre os treinandos, uma vez que eles podiam verificar oportunidades de melhora em suas práticas.
A simulação realizada por Silva et al. (2015) exigiu, relativamente, poucos recursos financeiros e pode ser praticado em diversos cenários de atenção à saúde (primária, secundária, terciária e reabilitação), com potencial de replicação em outras instituições e de adaptação de acordo com o perfil e especificidade dos alunos. O treinamento de estudantes de graduação e profissionais da saúde em simuladores é de grande importância para a melhoria do desempenho em procedimentos médicos e como facilitador de aprendizado de medidas de prevenção, controle e redução de IRAS. É essencial destacar que este conhecimento precisa ser aplicado diariamente nos serviços de assistência à saúde para garantir que as taxas de infecção e disseminação de doenças não continuem a aumentar.
Referências:
Organização Mundial de Saúde (2005). Diretrizes da OMS sobre higienização das mãos na assistência à saúde (Versão Preliminar Avançada): Resumo. Geneva, Suíça. Retirado de https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/diretrize-as-omshigienizacaomaos-versaoprelim-avancada.
Silva, A. R. A. D.; Campos, A. L. M. D.; Giraldes, J. M.; Almeida, M. M. D. & Oka, C. M. (2015). Uso de simuladores para treinamento de prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, 39(1), 5-11.
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